Vídeo da briga já conta com quase dez mil visualizações
Uma briga nessa primeira semana do mês de maio, envolvendo duas alunas de uma Escola Municipal de Milhã (não citaremos a instituição em respeito a mesma e aos profissionais que ali trabalham, nem a escola nem os profissionais tem culpa do ocorrido) tem repercutido na internet. Umas das alunas, autora da selvageria ali praticada foi a própria que publicou o vídeo em uma rede social, o post já conta com quase 10 mil visualizações e dezenas de compartilhamentos, as cenas de selvageria aconteceu em frente a unidade escolar, após o término da aula, profissionais da escola tiveram que intervir para o pior não acontecer.
Toda essa cena triste e lastimável foi o estopim para uma professora que pediu para não ser identificada nessa matéria fazer um desabafo que reflete a situação de milhares de outros professores diariamente em nossas escolas, não só em Milhã, mas pelo Brasil a fora.
Veja na íntegra o desabafo comovente da educadora
Fico me perguntando o que será do futuro do Brasil? Todos os dias me faço essa pergunta. Não vejo esperança para um país mergulhado em problemas. Sou uma servidora pública, que ao contrário do que a maioria das pessoas acha, cumpro e realizo meu trabalho com amor, dedicação e compromisso. Cumpro meus horários e até trabalho horas a mais do que deveria. Não só eu. Muitos dos meus colegas também. Trabalho em uma das escolas municipais de Milhã. Às vezes não sinto que estou dentro de uma instituição educacional, porque temos que desempenhar inúmeros papeis que fogem ao papel de educador. A escola deveria ser um local seguro, um local de formação de cidadão. Mas, como podemos formar cidadãos se as crianças, os jovens, os adolescentes que chegam à escola desconhecem os preceitos de cidadania e, quando são apresentados a eles, zombam, consideram sem importância porque são crianças, jovens e adolescentes sem limites. Por isso a minha inquietação quanto ao “futuro do país”.
Coloca-se para a escola, para a educação, para os professores toda a responsabilidade de “acabar com a prática de bullying e ciberbullying”, ensinar como a “cultura de paz” é necessária para uma sociedade sem violência, a resolução de conflitos, os valores, etc, etc, etc. Eu me pergunto: como faremos isso se dentro de seus lares, esses meninos e meninas vivenciam a prática de bullying constante, se a violência dentro de casa é corriqueira, se a falta de limites e de obrigações é prática cotidiana? Se não há resolução de conflitos, se não existem valores a serem respeitados? Como a escola pode ser responsável por acabar com algo que toda a sociedade e governos não conseguiram acabar?
Eu pergunto: é essa mesma a nossa função? é esse mesmo o trabalho que devemos desenvolver na escola? o nosso trabalho não merece ser considerado como um trabalho perigoso?
Sabe como eu chego muitas das vezes em casa? Nervosa, tremendo, perdo o sono e a fome e as minhas filhas tem que muitas das vezes me ouvir desabafar. E quando boto a cabeça no travesseiro pra passar a noite, porque não consigo as vezes dormir, choro sem que elas vejam. Choro porque não foi pra isso que me preparei. Choro porque nós somos responsabilizados por mudar uma sociedade e nós não sabemos fazer milagres. Choro porque convidamos as famílias para nos ajudar e pais e mães não comparecem a escola, pais e mães deixam lá os seus filhos e não querem ser “incomodados” quando os chamamos para conversar sobre eles. Não participam das reuniões, dos encontros na escola porque “nunca tem tempo”.
Em meu nome e em nome dos meus colegas de profissão que passaram por esse momento de terror, em nome dos tantos colegas que, diariamente sofrem com esse tipo de situação inaceitável, só queria pedir RESPEITO, RESPEITO E RESPEITO.
O Portal DM não publicará o vídeo, tanto em respeito a instituição de ensino como em cumprimento da lei já que o mesmo envolve menores de idade.