Os resultados da pesquisa começaram a ser divulgados em abril de 2025
Uma pesquisa da Universidade Federal do Ceará (UFC) publicada em agosto deste ano aponta que o uso indiscriminado de agrotóxicos na agricultura tem causado contaminação de peixes em um trecho do Rio Poti que banha os distritos de Ibiapaba e Oiticica na cidade Crateús, interior do Ceará. O rio também corta as cidades de Quiterianópolis (onde nasce) e Novo Oriente, até chegar ao estado do Piauí.
Segundo a pesquisa, que avaliou peixes dentro e fora da Área de Proteção Ambiental (APA) do Boqueirão do Poti, a contaminação também apresenta riscos à saúde de humanos. A ingestão de apenas 150g/dia de filé de peixe contaminado pode estar associada ao desenvolvimento de doenças graves, como câncer, além de outros efeitos adversos, incluindo disfunções hormonais e neurológicas.
O estudo iniciou ainda em 2023, quando pesquisadores encontraram alterações nos olhos de peixes de um trecho do rio que corta o distrito de Ibiapaba, em Crateús. A partir desse problema, a UFC de Crateús em parceria com o Laboratório de Avaliação de Contaminantes Orgânicos (Lacor) do Instituto de Ciências do Mar (Labomar-UFC) iniciou os estudos em agosto de 2024.
Os resultados começaram a ser divulgados em abril de 2025 com identificação e quantificação de poluentes emergentes e persistentes nos músculos dos peixes coletados na região. Tudo isso virou o trabalho de conclusão de curso da estudante Ana Clara Rosendo Sousa, formada em Engenheira Ambiental e Sanitarista formada pela UFC.
De acordo com o gestor da APA (Área de Proteção Ambiental) do Boqueirão do Poti, Danilo Maciel, outro problema é que as espécies nativas de peixes ainda podem estar ameaçadas de extinção, pois o "aumento da concentração dos contaminantes devido às mudanças climáticas são, ainda, agravadas pela presença de espécies de peixes invasoras como o cará tilápia e o tucunaré, predadoras das espécies nativas em várias fases do crescimento".