Mulher abriga e cuida de vários jumentos no interior do Ceará; amor que nutre por eles já a fez até vencer uma depressão

Érica sempre gostou de animais e, ao chegar a Amontada, a primeira coisa que a surpreendeu foi a quantidade de jumentos que viviam pelas ruas

Foto/Reprodução

Há cerca de dois anos Érica de Caria, 46, teve a vida transformada por vários pares de focinhos e orelhas compridas. Natural de São Paulo, ela é idealizadora do "Lar dos Pancinhas", projeto que atualmente acolhe e cuida de 54 jumentos, além de cavalo, cachorros e gatos em Amontada, no litoral do Ceará. Enquanto resgata esses animais ela é também resgatada — pois o amor que nutre por eles já a fez até vencer uma depressão. (Matéria/Reprodução | Fonte: O Povo ONLINE, Créditos a jornalista Gabriela Almeida)

A paulistana chegou a Fortaleza no ano de 2016, acompanhada do homem com o qual era casada na época. Foram cinco anos vivendo na Capital até que, por consequência da pandemia, ela se mudou para o pequeno povoado situado no interior do Ceará e foi trabalhar como gerente de uma pousada.

Não demorou muito, e ela e o companheiro resolveram montar em Amontada a própria casa de hospedagem. Formada em Administração, Érica saiu do trabalho e se dedicou à nova aventura, sem imaginar que seria a partir dali que a vida dela mudaria, mas por outras razões.

Durante a semana, enquanto o movimento na pousada dela era mais tranquilo, a paulistana saía para cuidar do quintal e das plantas. Foi em um desses momentos que ela observou uma jumenta tentando desesperadamente se alimentar. "Ela (jumenta) rasgava os lixos com toda força e fome do mundo enquanto o filhinho brincava, aquilo tocou meu coração", relata, lembrando do episódio.

Érica sempre gostou de animais e, ao chegar a Amontada, a primeira coisa que a surpreendeu foi a quantidade de jumentos que viviam pelas ruas. Contudo, a cena que viu em seu quintal foi o que a fez tomar uma atitude. Primeiro, ela começou a trazer alimentos para a jumenta, dando até a ração do gato dela. Depois, passou a comprar ração própria para cavalo, pagando como podia.

A relação dela com o animal foi se fortalecendo com o tempo, e a jumenta passou a ir todas as tardes à pousada para ter refeição. Quando não encontrava a mulher, berrava, como que chamando pelo nome da salvadora e, talvez, da única pessoa que a tenha tratado com carinho.

Lar dos Pancinhas no interior do Ceará

O cheiro da ração de cavalo que Érica comprava foi atraindo, aos poucos, outros jumentos. Conforme a paulistana, muitos animais eram maltratados, sendo alvos até de ações violentas nas ruas, como facadas. Além de matar a fome, eles encontraram nela também um olhar de carinho.

Em setembro de 2021, os jumentos já passavam de dez, e a presença deles na pousada passou a incomodar o marido de Érica. Entre o companheiro e cuidar dos animais, ela optou pela separação.

"Naquela época eu preferi cuidar dos jumentos do que ficar casada. Era mais importante os animais pra mim porque eu vinha de uma depressão e de repente eu me vi curada da depressão, porque lidar com animal é mil vezes melhor do que tratar com humano", conta a cuidadora.

Ela alugou um espaço para abrigar os jumentos e enfrentou dias difíceis, pois chegou a ser denunciada para a vigilância sanitária e recebeu do órgão a orientação de procurar um local maior. A paulistana relembra que teve apoio do ator José de Abreu para abrir um financiamento coletivo.

Com a ajuda financeira, ela conseguiu alugar um terreno com estrutura necessária. De lá para cá, o número de animais e o cuidado dela por eles só aumentou. O amor de Érica virou um lar, o "Lar dos Pancinhas", e os jumentos ganharam esse apelido em razão da situação em que se encontravam. "Eram magros demais, eu só fui vendo as panças (barrigas) crescerem", brinca a paulista.

"Minha vida mudou completamente com eles aqui no Ceará. Em São Paulo eu nunca tive contato com jumentos, nunca imaginei que eles poderiam salvar a minha vida, porque depois que a minha mãe faleceu, eu fiquei vivendo um luto, uma tristeza sem fim, e os pancinhas me ajudam a superar, eu os salvei, mas eles também me salvaram, me devolveram toda a alegria de viver", desabafa Érica.

E assim já são quase dois anos em que a paulistana vive de resgatar e ser resgatada. Nas fotos que publica nas redes sociais, ela aparece abraçando e tratando com carinho diversos jumentos, animais tão comuns no Ceará, mas que recebem dela um olhar raro: de dignidade e amor.

Como ajudar o projeto Lar dos Pancinhas:

Hoje, além de 54 jumentos, o projeto cuida de um cavalo, nove cachorros e três gatos. Érica trabalha com turismo, mas para conseguir arcar com os altos custos dos cuidados com os animais precisa contar com a ajuda de doações, que podem ser feitas para o pix: ericadecariaa@gmail.com.

Quem quiser ajudar de outra forma ou fazer uma visita ao projeto pode ainda entrar em contato por meio do Instagram: @lar_dos_pancinhas

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