Indicado por Bolsonaro, novo reitor da Universidade Federal do Ceará diz que 'não foi indicado para ser líder político'

Em entrevista o então diretor da Faculdade de Direito da UFC afirmou que o atual processo de escolha de reitores gera “disputa política”


Menos votado em consulta pública com a comunidade acadêmica, o professor e advogado José Cândido Albuquerque, nomeado pelo presidente Jair Bolsonaro como o novo reitor da Universidade Federal do Ceará (UFC), afirmou nesta terça-feira (20) que uma das prioridades de sua gestão será rever o processo eleitoral para a reitoria. Albuquerque afirmou que a universidade precisa ser conduzida de maneira “diferenciada”. Cândido se prepara para assumir a reitoria na próxima segunda-feira (26).

Em entrevista o então diretor da Faculdade de Direito da UFC afirmou que o atual processo de escolha de reitores gera “disputa política”. “Essa eleição direta [consulta pública] ao invés servir para buscar um gestor para a universidade, você trava uma batalha ideológica. Desde o começo da minha campanha eu me posiciono contra esse processo. Eu não fui indicado para ser líder político”, afirma Albuquerque.

A decisão de Bolsonaro, anunciada em edição extra do Diário Oficial da União desta segunda-feira (19), contrariou a preferência de estudantes, professores e servidores tanto em consulta pública quanto na elaboração da lista tríplice elaborada pelo Conselho Universitário (Consuni).

O mais votado, o então vice-reitor da UFC, Custódio Luís Silva de Almeida recebeu 7.772 votos na consulta enquanto Cândido recebeu 610 votos. O segundo colocado, Antônio Gomes de Souza Filho, chegou a receber 3.499 votos. Para Cândido Albuquerque, porém, não há oposição expressiva contra ele.

“É um número muito pequeno de pessoas contra mim, a universidade é plural. É claro que há uma insatisfação, não existe unanimidade, mas estou estendendo a mão para todos na busca de união”, pondera o novo reitor, que afirmou estar se preparando para assumir a reitoria nesta próxima quarta-feira (21).

Cortes na Educação

Questionado sobre assumir a UFC em meio a cenário de cortes na Educação e bloqueio de verbas para universidades federais, o novo reitor afirmou que o problema não é de hoje.

“Os cortes começaram após as eleições de 2014, então é uma realidade que temos que buscar alternativas e adotar medidas internas e mudar para investir em pesquisa. Não vamos fazer confronto, vamos fazer diálogo”, comenta.

Sobre os planos para os quatro anos de mandato, Cândido pontua que o principal é o foco na inovação e no empreendedorismo na universidade. “A universidade como é hoje não está focada em empreendedorismo e inovação. Os alunos atualmente estão se preparando para profissões que daqui a dez anos nem vão existir mais. Temos que focar em inovação e internacionalização”, comenta.

Sobre o programa Future-se, idealizado pelo Ministério da Educação (MEC) para criar fundo de recursos privados para o financiamento das universidades federais, Cândido Albuquerque afirmou que “não se pode ser contra ou a favor de uma projeto que não está finalizado”.

“Nós precisamos ajudar a construir esse projeto”. No último dia 14 de agosto, ainda na gestão de Henry Campos, o Consuni da UFC havia se posicionado contrário ao projeto.

- Portal DM | Fonte: G1 -

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