O gestor é um dos alvos da Operação Bricolagem, que investiga fraudes em licitações para construção de escolas
O prefeito de Granjeiro, João Gregório, município do Cariri cearense, movimentou cerca de R$ 26 milhões na conta de um parente beneficiário de aposentadoria rural, num período de dois anos, segundo investigações da Polícia Federal. O gestor é um dos alvos da Operação Bricolagem, que investiga fraudes em licitações para construção de escolas. O valor dos contratos fraudados soma cerca de R$ 5 milhões.
O valor movimentado na conta do parente é quase R$ 10 milhões a mais que o orçamento de todo o município de Granjeiro, cidade com 4,5 mil habitantes. Em 2017, o orçamento municipal anual foi de R$ 17 milhões, conforme a Prefeitura Municipal de Granjeiro.
A operação cumpriu 15 mandados de busca e apreensão nesta quarta-feira (21) nas cidades de Granjeiro, Caririaçu, Aurora, Juazeiro do Norte, e em Fortaleza.
Um dos mandados foi cumprido na casa do prefeito, onde foram encontrados R$ 213 mil em espécie, guardados em caixas de sapato.
“Além do desvio, do próprio crime de fraude, ainda há a lavagem de dinheiro. Fora a questão social, um município pobre, com IDH baixíssimo e, além disso, tem os recursos desviados. São indícios muito fortes de desvios, e uma movimentação vultosa na conta de um aposentado rural”, destacou a delegada da PF, Josefa Maria Lourenço da Silva.
Empresas de fachada
De acordo com ela, empresas de fachada ganhavam as licitações para reforma ou construção das escolas. No entanto, as obras eram realizadas por funcionários contratados da própria prefeitura, com participação direta do próprio prefeito.
“Eram feitos os processos licitatórios, as empresas vencedoras eram contratadas, mas quem executava as obras das escolas era o próprio prefeito. Comprava material, contratava pessoas. Um mesmo mestre de obras conduzia duas obras em duas escolas diferentes com empresas diferentes contratadas”, explica a delegada.
Além de dinheiro em espécie, foram apreendidos documentos de contratos e processos de pagamento, veículos e uma máquina de contar dinheiro.
A delegada afirma que esta fase da operação é para recolher material e fazer perícia na engenharia das escolas. A situação dos trabalhadores que foram encontrados nas obras também é investigada. Segundo a Polícia Federal, eles não tinham nenhuma garantia trabalhista e faziam os serviços sem equipamentos de segurança.
O próximo passo da operação será a intimação dos envolvidas nas fraudes, de acordo com a PF. (G1)